segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Da geladeira à hegemonia, Anderson foi 'salvo' por Minotauro antes da consagração


Os números não mentem: Anderson Silva é um fenômeno do UFC. Dentro do evento, o brasileiro nunca perdeu e ainda é o recordista de vitórias seguidas, com 13, e defesas de cinturão, com oito triunfos. Mas não se engane: a carreira do Aranha no MMA não deslanchou de uma vez. Foram quase dez anos até explodir como o lutador que já começa a ser considerado como o melhor da história das artes marciais mistas. Ele enfrentou uma geladeira, mas foi “salvo” pelo também lendário Rodrigo Minotauro.

Defendendo o cinturão dos médios contra o japonês Yushin Okami no combate principal do UFC Rio neste sábado, o lutador - que com um único chute colocou no chão Vitor Belfort - sempre mostrou potencial e criatividade nos ringues, mas sua carreira pode facilmente ser dividida em duas “eras”: pré e pós UFC.

“O Anderson amadureceu tarde. Não teve tanta sorte no início da carreira, mas sempre teve algo que é para poucos: talento nato”, relembra o empresário Jorge Guimarães, o Joinha. Sócio dele no trabalho com o Aranha, o norte-americano Ed Soares pensa do mesmo jeito: “A carreira dele mudou totalmente com o UFC.”

Mas, para entender isso, é preciso voltar alguns anos na vida de Anderson. O paulistano criado desde os quatro anos em Curitiba era fã de astros do cinema, como Bruce Lee e Chuck Norris, e acabou indo parar no mundo das lutas, treinando taekwondo, judô e muay thai.

Na famosa academia paranaense Chute Boxe, teve a companhia de nomes como Wanderlei Silva, Pelé e Maurício Shogun, que começavam a se destacar no vale-tudo.

“Não esperava que ele fosse tão longe”, diz o fundador da Chute Boxe, Rudimar Fedrigo. “Ele chegou bem jovem na academia e tinha os conceitos básicos. Só não achava que se tornaria o lutador mais completo do mundo. Desde o começo, Anderson sempre fez treinos muito bons com Wanderlei e Pelé. Lutava de igual para igual.”

Com o desenvolvimento do lutador, ele foi levado ao Japão e em 2001 faturou o título do Shooto, como peso médio, cinturão que lhe abriu as portas para lutar o gigante Pride.

Mas a boa fase foi interrompida por um racha na Chute Boxe. Em um desentendimento com Rudimar, Anderson deixou a academia, e até pensou em parar. Os antigos empresários tinham grande influência no Pride e fecharam as portas para o lutador. Quem lhe deu uma nova chance foi seu amigo Rodrigo Minotauro.

“Anderson é puro talento e dedicação e nunca desistiu do sonho”, diz Minotauro, que o conheceu pessoalmente apresentado por um primo, já depois de ter visto o Aranha nos ringues. “Ele estava precisando lutar e então o convidei para um evento na Bahia. Depois, foi por meio de um pedido pessoal meu ao presidente do Pride que ele retornou.”


Com a ajuda do amigo, Anderson lutou na Bahia, na Coreia do Sul e foi campeão de um evento de menor porte, o Cage Rage, na Inglaterra. Mas ainda não convencia totalmente, com três derrotas para japoneses entre 2003 e 2006.

“Quando o Anderson perdeu para o Daiju Takase [em 2003], ele se tocou que tinha de treinar mais seu chão. A partir daí, ele mesmo foi se lapidando e se superando”, analisa Joinha, que era empresário de Vitor Belfort na época e, vendo Anderson manter seu cinturão no Cage Rage, resolveu apostar no peso médio, junto de Ed Soares.

“Naquela época, ele estava na correria, tentando fazer algo com sua carreira e lutando onde podia”, detalha Ed. Anderson ainda foi ao Havaí e perdeu para seu atual rival, Yushin Okami, mas em seguida venceu mais uma no Cage Rage e iniciou a virada em sua carreira.

“É aquilo, quando a sorte encontra a oportunidade, é um casamento perfeito. Eu que trouxe o contrato do UFC para ele e, a partir daí, foi só alegria”, completa Joinha.

A estreia no UFC aconteceu em junho de 2006, em um evento menor. À base de joelhadas, Chris Leben foi a primeira vítima. A segunda já valeu o cinturão. Apenas quatro meses após a estreia, Anderson venceu o queridinho dos norte-americanos Rich Franklin para ser campeão dos médios, não sair mais do trono e ajudar a mudar a história do MMA.

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