Rashad Evans estava escalado para disputar o cinturão do UFC contra Jon Jones, mas uma série de trocas o colocou frente a frente com Phil Davis, na luta principal do UFC 133. Mas se depender das apostas de Sérgio Babu, seu treinador de chão nos Estados Unidos, o ex-campeão tem tudo para sair vencedor.
“O Rashad está vindo preparado para lutar com qualquer um... Ele já é um cara bom de chão. Eu estou botando alguns detalhes, posições de luta e que de repente ele não via como situações boas de luta. Eu trabalho muito em cima de detalhes”, garante Babu, que vê vantagens nesta luta. “A gente está fazendo uma estratégia de luta para lutar com o Phil Davis, que se aproxima do Jon Jones pelo tamanho. O cara é cumprido, um wrestler, estrategista. O Jones é um cara mais solto, e o Davis é um cara mais malandro”.
Em entrevista, Babu analisou o jogo de chão de Rashad e falou sobre os treinos das outras feras da equipe, carinhosamente apelidada por eles como “Blackzilians”, como Antônio Pezão, Gesias Cavalcante, Jorge Santiago, Anthony Johnson e os irmãos Villefort, entre outros.
Como está o trabalho nos Estados Unidos?
Na minha equipe tem o Rashad, que é muito gente boa, treina com todo mundo, faz o que a gente fala... Ele está vindo empolgadasso, é para a galera esperar um cara bom. Ninguém ganha o cinturão de bobeira, e ele não está de bobeira. O cara tem um bom background, tem um bom jogo de chão, tem um Boxe bem legal. E estou trabalhando com o Diógenes também. Para mim, o Diógenes é o melhor treinador de striking do mundo, ele faz um Muay Thai que não é o Muay Thai puro, ele tem um jeito de treinar que é dele, você vê no Anderson. A escola do Anderson toda está com ele.
Como é o treino de chão que você aplica com o Rashad?
Não é um Jiu-Jitsu puro, a gente faz um Jiu-Jitsu que eu aprendi na BTT. Eu aprendi a fazer um chão de Submission e depois aprendi a fazer um chão de MMA, que é completamente diferente. Ele já é um cara bom de chão. Eu estou botando alguns detalhes, posições de luta e que de repente ele não via como situações boas de luta. Eu trabalho muito em cima de detalhes. Ele também está trabalhando com o Diógenes, e ele trabalha muito com o leque dele.
O Rashad está vindo preparado para lutar com qualquer um. A gente está vindo com uma estratégia de luta que se enquadraria para qualquer um dos dois. É lógico que agora a gente está pensando no Phil Davis, a estratégia está sendo feita, ele está bem para caramba. Nesses dias que eu estive aqui, ele está no gás com o Diógenes, eu chego ainda em tempo para ele dar um gás no chão, mas ele já está bem, trabalhando muita finalização, muita posição de lado. A parte de alto do Diógenes acaba ajudando, porque ele está muito afiado, usando os cotovelos, e está bem preparado. A gente pegou o melhor que ele tinha, manteve e colocou mais coisas, aumentou o leque. Quem sabe mais, quem tem mais recursos é quem ganha hoje no UFC, e no MMA como um todo.
O quer você acha do Phil Davis?
Phil Davis é um cara duríssimo, invicto, chato. Ele é um cara que tem fundamentos parecidos com os do Rashad, então a gente está fazendo uma estratégia de luta para lutar com o Phil Davis, que se aproxima do Jon Jones pelo tamanho. O cara é bom de mira, é cumprido, é um wrestler, estrategista. O Jon Jones é um cara mais solto, e o Phil Davis é um cara mais malandro na luta, porque ele vai na regra, então ele vai levando e ganhando ponto. Apesar do Jon Jones ser mais alto do que ele, o Phil Davis é um cara cumprido, longilíneo, então a gente já se aproxima. E o Rashad está vindo de lesão, um tempo parado, então é bom fazer essa luta antes para não chegar logo de cara numa luta por título.
Que outros atletas estão no time?
A gente tem o Anthony Jonhson, o Michael Johnson, que lutou agora no UFC on Versus, e ganhou bem, nocauteou. Essa galera toda está treinando comigo há dois meses e meio. Sexta-feira agora luta o Ilir Latifi, que é um albanês, que mora na Suíça, e está treinando lá com a gente e vai lutar no Shark Fights. Depois tem o Gesias, o Jorge Santiago, o Danillo, o Yuri, o Cosmo Alexandre... Tem uma galera boa lá, uma equipe pequena.
Como foi o começo desse trabalho?
Teve um grupo de atletas que saiu da ATT, o Jorge Santiago, Gesias, Yuri e o Danillo. Eles tinham um manager, um cara que arranjava patrocínio, e esse cara é o mesmo cara que trabalha com o Rashad, com o Kenny Florian, do Cosmo Alexandre, Anthony e Michael Johnson e outros lutadores. E eles procuraram esse cara e ele montou uma equipe. Quem me ligou foram os brasileiros. Eles se juntaram com esses Johnsons, ao Rashad e aí a gente começou a treinar. O Pezão está treinando lá, mas não faz parte da equipe. E ele me contratou agora para fazer o treino dele contra o Overeem.
O Gesias tem luta marcada para o final do mês... Ele já está preparado?
Cara, a preparação dele é a preparação que ele já estava fazendo. Ele já estava se preparando para lutar com o Justin Wilcox, que machucou o olho, e lutou um round, então não teve contusão nenhuma e só manteve o treinamento. Eu não estou lá ainda, mas sei que muito provavelmente ele está mantendo o treino. Para ele, (a luta) foi praticamente um treinamento de luxo. Ele é um lutador experiente, então se ele fechou a luta é porque ele tem condições e está preparado. A gente está falando um cara que já lutou muito, é muito rodado. Apesar de ser novo de idade, já tem muita experiência.
O Pezão também está fazendo camp com vocês. Como está o treino dele de chão?
É, ele não faz parte da equipe, mas faz o camp lá. Ele conhece todo mundo. O Pezão está trazendo algumas pessoas e agora que a gente definiu quem é o adversário dele, então vamos fazer uma estratégia para essa luta contra o Overeem. É lógico que o Pezão tem um chão superior ao Overeem, tem uma queda superior ao Overeem, mas, na verdade, o meu trabalho depende muito do trabalho dos meninos que vão fazer a parte de alto (trocação) com ele.
Hoje em dia, não tem como falar que eu vou fazer um trabalho com o Pezão e ele vai chegar pegando nas pernas e botar para baixo. Não tem como fazer isso. Eu dependo do alto. O treinamento nosso é um treinamento onde a gente está em sintonia, então provavelmente eu acho que o Pezão vai fazer um trabalho com o Diógenes, e isso é bom, porque eu e o Diógenes falamos a mesma língua. A gente não quer passar por cima do outro.
Por exemplo, se o Pezão colocar o Overeem para baixo, qual é a intenção? Não é a finalização. Nem ele, nem o Rashad nem nenhum cara que treina comigo vai partir para a finalização logo. Existe um caminho a se percorrer. Normalmente o lutador dá a posição, muitas vezes por ter sido agredido por um soco, ele começa a se desesperar e dá a posição. E, no MMA, como você pode usar a cotovelada e o soco, não é o Submission. Então o chão que eu mostro é diferente.
Quem está ligado no MMA e sabe como é o MMA, sabe que não tem mais como você trabalhar uma finalização rápida, perder posição. O Pezão está vindo bem, essa luta contra o Fedor deu uma motivação a mais, nego já viu quem ele é. Ele é um cara diferenciado. Eu já comentei com o Diógenes, porque ele é um cara que, com aquele tamanho, consegue fazer um jogo de chão extremamente técnico. A andada do Pezão, como ele tira com a luva quando o cara soca. Ele é um cara leve, então é fácil você mostrar para um cara desses, porque entra na cabeça dele tranquilo.
Então é um cara bom de se trabalhar, é um cara família, tranquilo, eu gosto muito dele e ele já me conhecia da BTT, então quando eu cheguei e logo depois ele já veio falar comigo para a gente fazer um camp. Ele foi convidado para lutar no ADCC. Eu não sei a data do Strikeforce, então a gente estava dando uma ênfase no chão por causa do ADCC e treinando chão também para o MMA. No ADCC não vale soco, mas existe uma regra que vale amarração, então para mim também é bom porque ele pode trabalhar a lateral, a meia-guarda... E isso também serve para o MMA.
O que você acha do Overeem?
Cara, ele já mostrou que é fera. Ele fez uma luta contra o Werdum que foi extremamente inteligente. Teve uma hora ou outra que ele se expôs um pouquinho na guarda, mas não teve nem ground and pound. Ele é estrategista, e fez a estratégia correta. Contra o Pezão, se ele sentir que está tentando colocando para baixo, ele vai tentar fazer o antijogo. Mas eu acho que o Pezão está extremamente treinado para não ter que colocá-lo para baixo. Se você for só fazer a tática de colocar para baixo, ele defende bem.
Ele é um cara muito forte, muito grande, e são três rounds de cinco minutos dentro de um ringue menor. Isso dificulta. Hoje em dia é difícil colocar as pessoas para baixo. Você tem que estar preparado no alto, tem que saber encurtar a distância e sair, saber o tempo certo que ele vem... E você vê que ele não vem muito para dentro, ele não é um cara que se expõe muito e ele sabe que o cara vai colocar ele para baixo... E ele não é muito forte no chão. Ele tem algumas posições fortes no chão, mas ele não é um cara bom para jogar no chão, tanto que ele é um cara que luta K-1. Ele é campeão do Strikeforce fazendo isso: nocauteando todo mundo.
O treino do Pezão está bom porque está completo. As pessoas ali estão treinando, tendo a oportunidade de se aprimorar no chão, no alto. É uma equipe pequena, então dá para a gente fazer um trabalho diferenciado com cada um. Sempre tudo novo é muito legal, então está todo mundo focado e empenhado. Todo mundo com luta, isso é importante, porque não tem aquele cara ali ocioso, que não foi lembrado... Todo mundo ali tem contrato, todo mundo tem luta. Na América as coisas acontecem.
O Jorge Santiago também está treinando com vocês. Como está sendo o trabalho dele depois dessa reestreia no UFC?
O Jorge tem um treinamento de Muay Thai, assim como o Gesias, com outro professor que não é o Diógenes. Cara, no esporte individual é difícil porque só depende de você. Se você não está em um dia bom, tem vários fatores que fazem você não estar bem. Eu também não reconheci o Jorge. Na minha arte, onde nós treinamos, que é o chão, ele estava muito bem. Só que tem outros fatores, outros treinamentos que influenciam nele. Eu não sei qual vai ser a estratégia do Jorge.
Fonte: www.tatame.com.br
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